quarta-feira, 15 de julho de 2009

Pós-piagetiano

Como o próprio termo indica, os pós-piagetianos representam um movimento que, sem abrir mão da imensa inspiração da obra de Piaget, não hesita em criticar e enriquecer sua visão sobre os processos de aprendizagem e suas conseqüências pedagógicas.
O psicólogo suíço desconfiava muito da inteligência verbal e achava essencial a atividade de exploração do meio pelas crianças. O que o interessava, podemos dizer, era a inteligência anterior à linguagem. Em uma palestra para educadoras de pré-escola, ele chegou ao extremo de afirmar que "a linguagem não serve para nada".
Sua grande obsessão era explicar a inteligência como um processo biológico. Em sua autobiografia, publicada em 1971, ele conta como, adolescente, teve uma "revelação" lendo o filósofo Bergson: "Em um momento de entusiasmo vizinho do êxtase, eu fui tomado pela certeza de que Deus era a Vida, sob a forma do impulso vital, dos quais meus interesses biológicos me forneciam um pequeno setor de estudos. (...) Isso me levou a tomar a decisão de consagrar minha vida à explicação biológica do conhecimento."

Essa decisão motivou toda sua obra e refletiu-se em todo o seu imenso programa de pesquisas, pouco orientado para os aspectos interpessoais do desenvolvimento (apenas em poucos trabalhos seus isso não acontece, e eles são uma das fontes de inspiração para o socioconstrutivismo).
Nas últimas décadas, inúmeras informações novas enriqueceram nossa visão sobre o desenvolvimento das crianças. Por exemplo, muitas pesquisas analisaram as relações entre mães e bebês, assunto que não interessava a Piaget como pesquisador, trazendo novos dados para a reflexão psicológica e pedagógica, especialmente ao mostrar a grande capacidade dos bebês para se relacionar e perceber o mundo.
Também cresceu nesse período a influência de dois outros grandes psicólogos: o bielo-russo Vygotsky e o francês Henri Wallon (1879 -1962), que falavam muito mais explicitamente sobre a importância das relações interpessoais e da linguagem. Para Wallon, por exemplo, os humanos são naturalmente, biologicamente, sociais, e o indivíduo "é o ponto de encontro entre o orgânico e o social".
Esses dois autores, juntamente com Piaget, podem ser considerados os fundadores da psicologia do desenvolvimento, que se preocupa em observar metodicamente o desenvolvimento infantil para construir modelos de como o processo ocorre.
Em sua maioria, os pós-piagetianos, influenciados por esses três gênios, são psicólogos que admitem que a linguagem e as relações interpessoais possuem uma importância maior do que a visão de Piaget poderia fazer supor.
Em termos de aplicação à pedagogia, as conseqüências são claras: as interações sociais, mesmo entre crianças muito pequenas, podem ter uma influência muito positiva no desenvolvimento quando bem organizadas. A realização de atividades em pequenos grupos e em duplas, por exemplo, pode dar origem a trocas importantíssimas, levando as crianças a explicitar seu pensamento. Portanto, mais do que "ensinar" linguagem, o importante é criar ambientes ricos em diálogos e trocas.Piaget estava certo ao querer um ensino ativo, mas é preciso dar mais ênfase ao papel das relações com os outros (adultos e crianças) em nossas teorias psicológicas e orientações pedagógicas.
http://www.educacional.com.br/

Um comentário:

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